Almanaque nº10 de fevereiro de 2012
Em fevereiro tem Carnaval!
Queridos leitores e foliões!!!
Estou iniciando as matérias deste mês, com uma alegre poesia : O CARNAVAL DA CRIANÇADA que faz parte do meu livro: Rebenta Pipoca da editora Pioneira. As ilustrações são do Marchi.
Desejo a todos BOAS FOLIAS, com responsabilidade.
O Carnaval da Criançada
Gente, que coisa gostosa...
Que alegria infernal!
Assistir a gurizada,
Brincando eletrizada,
Seu festivo carnaval.
Tem meninos e meninas,
Dando banhos de confete,
Enrolando serpentinas.
Piratas e bailarinas,
Tem mendigo, tem vedete.
Entra vem cena um pierrô,
Pintado de fazer dó...
Uma odalisca bacana
Pula com uma baiana,
O índio vai num pé só.
Um cupido gracioso
Atingiu meu coração!
Enquanto isso, uma fada
Vem da floresta encantada,
Com varinha de condão!
Tem aquela bonequinha,
A Emília muito prosa!
Vem a todos empurrando,
Pelo salão arrastando
O Visconde de Sabugosa.
Olhe o cordão dos palhaços!
É sempre o mais colorido.
Pula só pra fazer graça,
Botando fogo na praça
Num bailado divertido!
Este carnaval é festa!
Hoje tudo é fantasia...
É hora da garotada
Cantar, brincar, assanhada
Deixar cair na folia.
Regina Sormani
Regina Sormani
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II
TROVADORES.COM
A palavra do mês de fevereiro é CARNAVAL
Os dias de carnaval,
usarei pra descansar,
pois o momento atual,
convida a não ir ao mar.
Nilza Azzi
Folhas são alegorias
que a ala das formigas
carrega todos os dias:
um carnaval de fadigas!
Angela Leite de Sousa
Chegou novo carnaval,
Trazendo só alegrias,
Mil paixões e fantasias,
Até virar vendaval...
Antonio Nunes
Há quem ama o carnaval.
Há também quem o detesta.
Pois ele dá o aval,
que pode estragar a festa.
Maria Luiza Campos
Fenomenal alegria
que nos traz o carnaval.
Ledo engano todavia...
Tudo acaba no final.
Nilza Sormani
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que nos traz o carnaval.
Ledo engano todavia...
Tudo acaba no final.
Nilza Sormani
Um carnaval antigo
na minha terra querida.
Lembrança de um tempo amigo,
joia rara revivida.
Regina Sormani
Lembrança de um tempo amigo,
joia rara revivida.
Regina Sormani
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III
Conto
Erice, Terra de Vênus, Deusa do Amor
Encoberta por uma névoa que baixa ao anoitecer, Erice permanece misteriosa entre as nuvens, no topo do monte pedregoso que leva seu nome, na costa noroeste da Sicília. Envolta em seus muros com inscrições púnicas dos tempos de Cartago, no século VIII A.C. preserva segredos, mitos e lendas milenares de vários povos mediterrâneos, árabes e normandos que para aí convergiram em busca de riqueza, aventura e amor. Ruelas estreitas calçadas com pedras dispostas em elegantes mosaicos, muradas ininterruptas sem qualquer abertura, escondem pequenos pátios floridos onde a vida se desenrola silenciosamente, sem chance do olhar furtivo do forasteiro sobre as mulheres de outrora, tidas como as mais belas de toda a Sicília.
Depois de sua viagem de núpcias na Sicília, os pais de Nádia, encantados pela ilha, lá permaneceram por mais de uma década, onde criaram sua única filha . Tiveram que deixar o local às pressas na véspera da Grande Guerra, mas jamais esqueceram as cores inebriantes desta terra ensolarada no verão, e o perfume da laranjeira cujas flores ornaram mais de um buquê de noiva, desde os tempos mais remotos.
Um dia, surgiu uma oportunidade de voltar à Sicília, e rever suas grandes atrações Greco-Romanas. Para agradar seus pais, Nádia colocou Erice no plano de viagem, apesar de ainda não constar do guia turístico. Melhor seria encaixá-la entre Palermo, a capital, e Agrigento a mais de 100 km de distância. Mas ficava muito fora de mão. Aterrissando em Palermo, outra atração a aguardava. As caixinhas italianas com seus mini mosaicos coloridos embutidos minuciosamente até compor uma figura de delicada beleza. Cada mimo, um encanto; cada encanto, uma tentação. Aumentava a tentação de um lado, diminuía o tempo do outro.
A noite se aproximava, Agrigento, ia ficando muito distante. Teria que passar a noite em Erice um pouco mais próxima, e chegar ao topo daquela montanha no escuro. Com a caída da noite, uma névoa encobriu a região por completo, e a cada curva, Nádia tinha a sensação de se aproximar cada vez mais da Erice mitológica, envolta em lendas de heróis, filhos da Deusa do Amor, a antiga soberana desta terra. Perdida no silêncio da escuridão, sem uma alma viva, com seu manto gelado, uma garoa desagradável a envolvia sempre mais. Serpenteando por quase uma hora, chegou ao fim do interminável caracol numa pracinha desabitada, onde havia um velhinho encolhido pelo frio, e um jovem, esbelto e moreno que lhe indicou uma ruela estreita onde talvez ainda houvesse algum alojamento. Nádia fitou os olhos escuros do jovem. Alguma semelhança talvez...
Ao amanhecer, não se enxergava um palmo diante do nariz. Lá fora, uma névoa grossa encobria tudo. Um encarregado do hotel trouxe uma boa notícia.
___Hoje, haverá um solzinho, e nosso sol não serve apenas pra aquecer, acrescentou, poderá trazer alguma surpresa ...
Com a chegada do sol, aquela primeira sensação inóspita cedeu lugar à outra, mais acolhedora, que convidava a visitante a observar o panorama, que começava a se descortinar. Pequenos caminhos verdes serpenteavam ao redor do castelo normando, erguido sobre o que resta do Templo de Vênus. Vários bancos convidavam os passantes a celebrar o silêncio e a poesia desta localidade remota.
Em cada banquinho, algum idoso aguardava o calor que viria daqui há pouco. Nas palavras de Calvino “Ali reuniam- se para olhar para sua juventude; seus desejos transformados em lembranças.”
Um deles, totalmente absorto em seus pensamentos chamou a atenção de Nádia. Com qual lembrança aquecia-se nesta gélida manhã?
Eis que levantou-se vagarosamente para iniciar seu passeio matinal. Seria o mesmo velhinho encostado no muro encolhido de frio que havia visto na noite em que chegara?
Vários turistas já se agrupavam para ver a vista majestosa sobre os dois mares; o Tirreno e o Mediterrâneo que tantos navegantes havia trazido à estas paragens.
___Venham, falou em voz alta um guia. Hoje está tão límpido que podem-se ver as Ilhas Egadi. E o grupo todo aglomerou-se em volta dele para ver as ilhas das quais nunca tinham ouvido falar, e ....provavelmente, nunca mais se lembrariam.
Aproveitando o conselho do guia, Nádia ficou deslumbrada com a extensão da paisagem que além dos dois pontinhos lá longe, circundados pelo azul cobalto do Mediterrâneo, incluía a pequena praia lá em baixo, delimitada pelo Cabo S. Vito, e a famosa Marsala, que em maio, na época da vindima, transforma cestos e mais cestos de uva no saboroso vinho que leva seu nome.
Descortinava-se também a encosta pedregosa da montanha que havia subido na noite anterior, onde agora podiam ser vistos pequenos campos encaixados minuciosa- mente na rocha, que há séculos abençoava aquela terra com seus limões e laranjeiras perfumados, as azeitonas graúdas, saborosas, e as amêndoas cujo aroma permeava todas as doceiras da região.
O velhinho do lento caminhar, apreciava a prainha lá em baixo emoldurada à direita pela grande rocha de S. Vito lo Capo. Com um brilho em seus olhos, mostrou-lhe cada detalhe da paisagem que contemplava todos os dias, há mais de vinte anos. Tirou uma flor da laranjeira que havia a seu lado, e levou–a delicadamente ao nariz, oferecendo-a depois a Nadia. Em algum lugar do passado, ela reviveu a cena.
Que saudade permeava aquele olhar perdido entre a areia branquinha da praia, e o escuro do penhasco cá em cima. Nádia não se conteve: Perguntou-lhe ingênuamente no que pensava naquele instante?
Surpreso e ainda absorvido em seu devaneio, sussurrou:
Na minha primeira namorada.... foi aí... nesta praia. A primeira vez....
Então a névoa os encobriu a ambos, transformando ele no esbelto jovem que fora no esplendor dos seus 16 anos, queimado pelo sol mediterrâneo, emanando todo seu desejo de conquista, e ela, na linda jovem sensual, com uma flor de laranjeira no cabelo, que ele abraçava e não parava de beijar apaixonadamente.
Sorriram um para o outro.
Quanto tempo havia passado desde então.
O sol voltou a brilhar, atraindo o velhinho ao seu banco vagarosamente, e Nádia continuou seu passeio por Erice, um vilarejo escondido entre as nuvens.
Fabia
Atlântica Terni
São Paulo, 02 de fevereiro de 2012
Fabia é escritora, associada da AEILIJ paulista
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IV
Crônica
Você comeria baratas?
Você comeria baratas?
O mineiro Luiz Otávio P. Gonçalves, criador da cerveja Kaiser e da água de coco Kero Coco, tem um novo empreendimento, a Nutrinsecta, que se trata de uma produtora de insetos. Em março, a empresa deu um passo inédito no Brasil – pediu ao governo de MG, ao Ministério da Agricultura e ao IBAMA a certificação de que seus insetos podem ser consumidos por seres humanos. A decisão deve sair agora em junho. A produção de insetos para ração continuará como negócio principal da empresa. “Eu não seria capaz de comer uma barata, mas já experimentei larvas de besouro fritas e achei gostoso”, afirma Gonçalves. Quanto a levar baratas à mesa, ele concorda que haja uma “barreira cultural” no Brasil.
Eu prefiro uma fruta. Sem bichos, já que sofro de entomofobia. Sei que um inseto não pode me atacar ou devorar como um leão, mas a presença de uma barata pode me causar um ataque de pânico. Nunca gostei de acampar por ter medo dos insetos. Também nunca viajei até o Amazonas. Pescar, então, nem em sonho. Só de pensar nos mosquitos me picando, fico com as mãos suadas. Sempre fui assim. Quando criança, aos seis anos, fui pela primeira vez a uma fazenda. Sou cria de cidade. São Caetano não é exatamente uma cidade grande, mas chácaras e sítios eram lugares que eu só conhecia por livros. Nessa fazenda, nós nos hospedamos em uma casa que não tinha telas nas janelas nem nas portas. Eu sonhava com esse tipo de proteção dormindo e acordada. Havia ainda uma casa abandonada, porque a construção estava condenada, e ali os morcegos fizeram uma vila. Minha prima gostava de passar pela casa e observar os morcegos. Eu simplesmente não entrava. Para mim, morcego era um inseto gigante e pendurado de cabeça para baixo. Completando minha tortura, havia uma criação de bichos da seda. Para minha mãe e meu irmão, foram férias maravilhosas, com muito calor, ar fresco, cavalos e frutas. Mas eu só me lembro dos insetos.
Desde então sempre gostei de ficar em bons hotéis. Não preciso de luxo. Mas também não gosto de nada muito simples. Tem que ter ar-condicionado para não precisar abrir as janelas. Nunca se sabe se o preço baixo da diária foi economizado no dedetizador. Já aconteceu de eu chegar a uma casa de praia e ouvir a barata. Barata faz um tiqui-tiqui com as antenas que eu escuto de longe. Acendi a luz para vê-la na parede. Havia um ninho dentro do sofá da sala. Eu não consegui dormir a noite toda. Fui embora pela manhã depois de providenciar um assassinato em massa rápido e indolor. Sim, nessas horas eu esqueço todos os meus princípios; é pena de morte sem julgamento. Pegar as coitadas e soltar no jardim de jeito nenhum! Nunca mais aluguei casas. Como atraímos o que odiamos, um dia pedi comida chinesa, e ela veio premiada com uma baratinha. O dono do restaurante me ofereceu uma nova remessa de graça. Eu joguei o telefone na parede.
Sei que tem gente que come insetos e cia. – escorpiões, gafanhotos e até baratas. Outro dia vi, aqui na frente de casa, em Vinhedo, atravessando a rua calmamente, uma barata gigantesca, diferente, cheia de anéis e pouco arredondada. Procurei na internet e encontrei a resposta: trata-se da barata de Madagascar, que se alimenta de folhas e frutas e vive em florestas. Tem mesmo um bosque na frente de casa, aqui . Minha filha de nove anos tomou a iniciativa e pisou nela, rindo da minha cara, com a maior naturalidade, enquanto eu suava frio, me apoiava no poste e rezava. Essa espécie é a que criam em viveiros para servir de alimento. Ou criam como animais de estimação. Sim, animais de estimação. O tamanho delas chega a ser da palma da mão de um adulto em alguns países. São imensas! Pelo menos, não voam. Uma barata voadora é capaz de me deixar sem dormir por noites. Nunca se sabe onde está a companhia. As baratas andam sempre em casal. Repugnantes, mas fieis... Sentadinhas em um bolo deixado sem cobrir sobre a pia, iluminadas pela luz diáfana da lua atravessando a janela e cobrindo-as de uma aura prateada... Baratas albinas? Argh!
Ouvi dizer que barata tem cheiro. Elas possuem uma secreção repugnante liberada por glândulas, a qual tem um odor nauseabundo característico. Nunca senti esse odor já que eu paro de respirar instintivamente quando escuto ou vejo uma delas. Existe até nome para essa minha fobia: catsaridafobia. O medo faz as coisas parecerem mais perigosas do que realmente são. Sinto falta de ar, palpitação, por causa de um pequeno inseto que pode ser destruído facilmente – isso é, se formos rápidos o suficiente, é claro, porque elas são mais velozes que carros de Fórmula 1. Imagine uma barata sem cabeça driblando você... E se ela erra a direção e pensa que seu pé é a rota de fuga? Elas vivem até um mês sem cabeça e não sentem dor. Os homens dizem que medo de barata é coisa de mulher. Não é não. Faça um teste, diga bem baixinho ao pé da orelha de um homem: “Querido, não se mexa, tem uma barata subindo pelas suas pernas e eu vou buscar o veneno lá na lavanderia”...
Simone Pedersen
Simone é escritora, associada da AEILIJ paulista
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V
Destaque de fevereiro
O escritor Cesar Obeid, associado da regional paulista da AEILIJ, meu caro amigo, é o destaque do mês de fevereiro. Parabéns, Cesar pelas suas realizações.
Um abraço afetuoso da Regina Sormani
Nascido na capital paulista em 1974, o premiado escritor, educador e contador de histórias César Obeid tem dedicado suas atividades à difusão da literatura infantojuvenil. Realiza palestras, oficinas, workshops, participa de seminários, encontros com leitores e mesas de debate por todo o país. Instituições como SESC, SESI, casas de cultura, bibliotecas, empresas, escolas, faculdades, sindicatos de professores, secretarias estaduais e municipais de cultura e educação e feiras do livro recebem seu trabalho.
Frequentemente escreve matérias e artigos para jornais e revistas, como também participa de gravações de programas de televisão e rádio sobre leitura, literatura, poesia e cultura popular.
Em 2010 foi o escritor homenageado na cidade de Catanduva, no evento “Fazer Literário” produzido pelo Sesc.
No site www.teatrodecordel.com.br mantém um amplo material de pesquisa e estudo a respeito do cordel e do repente. Já no seu site pessoalwww.cesarobeid.com.br apresenta os seus livros, oficinas e palestras.
É formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, conclusão em 1997. Foi aluno especial na matéria "Cultura Popular" no curso de pós- graduação da Universidade de São Paulo (2001). Publicou 18 livros de literatura infanto-juvenil:
Editora Moderna:
Minhas Rimas de Cordel, menção "altamente recomendável" FNLJ- 2005.
- O Cachorro do Menino- Aquecimento Global não dá rima com Legal
- Rimas Saborosas
- Rimas Animais
- Histórias Indianas do Pantchatantra
- Brincantes Poema
Editora Salesiana
- Vida Rima com Cordel, menção “altamente recomendável” FNLIJ- 2007.
- Mitos Brasileiros em cordel
- Nascimento de Jesus, releitura em teatro de cordel.
- ABC das Rimas
Editora Scipione:
- O Valente Domador
Editora FTD
- Desafios do Cordel
Editora Scipione:
- O Valente Domador
Editora FTD
- Desafios do Cordel
Editora Mundo Mirim
- João e o Pé de Feijão em Cordel
- O Patinho Feio em Cordel
Editora do Brasil
- O Menino de Muitas Caras - Coautoria com Jonas Ribeiro
-A história de João Grilo e dos três irmãos gigantes
- Criança Poeta
Editora do Brasil
- O Menino de Muitas Caras - Coautoria com Jonas Ribeiro
-A história de João Grilo e dos três irmãos gigantes
- Criança Poeta
Ilustrações de Avelino Guedes
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VI
VITRINE VIRTUAL
Convite
Na próxima quarta-feira, 15/2, teremos os lançamentos do
maravilhoso "O Tango da Vida", da querida amiga, escritora e poeta
Simone Pedersen, juntamente com o belíssimo romance "O Milagre de Anna
Roza", do amigo, escritor e acadêmico, Prof. Wladimir Novaes Martinez. O
evento acontecerá no Teatro do Colégio de Vinhedo, na av. Benedito Storani,
470, a partir das 19 horas e 30 minutos. Participem!