segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Outubro, mês dos mestres e das crianças - nº6




Caros leitores,

Em outubro, ainda é Primavera. Aliás, em nosso Almanaque, sempre é Primavera. Estou abrindo as matérias com as lindas e perfumadas flores do manacá. Neste  número, vamos falar de criança, ouvir a palavra dos mestres, apreciar novas trovas, ver uma tira inédita do Pecezinho, conhecer uma bela escritora e seus  livros e outros assuntos interessantes.

Boa  leitura! E um abraço bem apertado.
Regina Sormani
I
A voz das crianças




SIMONE PEDERSEN


Imagine a cena. Você está sentado num restaurante aconchegante, degustando um delicioso vinho e aguardando sua refeição, quando ouve um estalo. Bem à sua frente, na outra mesa, um pai bate na mão do filho de uns cinco anos de idade; alterado, ele pergunta ao menino se não vai “se comportar direito”. O menino parece confuso como você, que também não entende o que exatamente a criança fizera. Não ouviu o menino falar, não o viu correndo pelo restaurante, tampouco o viu se mexer na cadeira. A conclusão que chega é que o “não se comportar” se refere ao simples fato de o menino não querer comer a refeição.
O pai prossegue com mais um estalo de mão pesada agredindo a frágil mão da criança. O menino vira o rosto, você vê os seus olhos vermelhos e percebe seu esforço para não chorar. Sem reação, como uma presa que aguarda ser atacada por um animal maior, ele se conforma, como se fosse natural ser agredido por um adulto cinco vezes maior que ele. O pai, ainda mais irritado pelo silêncio do filho amedrontado, arranca o garfo e a faca dele e grita que, se ele “não se comportar”, não ganhará o presente de aniversário.
O seu vinho não tem mais gosto. Você não tem mais fome. Perplexo, tenta entender a relação entre comer a refeição e ganhar presente de aniversário e, mais perplexo ainda, a relação entre uma criança indefesa e um pai agressor. Nenhuma criança deveria crescer acreditando que ser agredida e desrespeitada é natural.
Os garçons, parados num canto do restaurante, observam a cena. Imagine quantas cenas como esta eles já presenciaram. Talvez você pense em interferir naquela situação, interpelar o pai, e na possível reação dele. O que fazer?... Ele poderia ser agressivo com você ou, então, concordaria naquele primeiro momento, se sentindo observado. Mas, quando entrassem no carro ou chegassem a casa, possivelmente ele descarregaria o ódio no menino mais intensamente. Até que ponto seria racional provocar um animal descontrolado, já que de humano ali seguramente não havia mais nada? Qual a intensidade dos castigos físicos quando não estivessem em um lugar público?
Imagine ainda que, na mesa do pai que agredia o filho, havia uma terceira pessoa: uma mulher, que não era a mãe do menino. Você sabe disso porque a ouve perguntar ao menino se ele queria alguma ajuda da “tia” para cortar a carne. Você não ouve a resposta do menino, aliás, não ouve a voz daquela criança em nenhum momento. A mulher não faz nada, absolutamente nada para ajudar a criança ou acalmar o pai. Deve estar acostumada com aquele tipo de “correção comportamental”.
Mais uma criança muda, você pensa tristemente. Mais uma infância roubada. Deveria chamar a polícia? Tapa na mão é crime? Destruir os sonhos de uma criança é crime? E aquela mulher que nada fazia para impedir a agressão, seria ela mãe de outra criança? Será que só as mães têm sentimentos de compaixão? Mas quantas mães também não agridem seus próprios filhos? Quantos pais e familiares são coniventes com a violência infantil? Que sociedade é essa em que vivemos cuja célula-núcleo, a família, não é unida no amor, e sim no medo? Onde uma criança é educada sob tortura física e emocional...
Crianças são pequenos seres independentes e livres, não são propriedades dos pais, não são escravos do nosso deleite. Crianças não têm obrigação de realizar os nossos sonhos. Crianças não são objetos que ostentamos como símbolos de sucesso e status. Em quem o menino indefeso confiará no futuro se o próprio pai o agride? Como terá confiança em si próprio se não é merecedor nem do respeito do pai? Como poderá amar se nunca recebeu amor? Como poderá perdoar se nunca conheceu o perdão? Como poderá cantar feliz se não pode sequer falar? Como poderá enxergar o colorido do mundo com os olhos cansados de tanto chorar?
Quando você vir uma criança com os olhos inchados e o rosto molhado, imagine a mãozinha vermelha e como o coraçãozinho está chorando. Imagine sua alma pedindo socorro sem poder falar. Pense por quanto tempo ela ainda terá que chorar escondida... Então, empreste sua voz. Denuncie. Para que ela aprenda a cantar!

Criado para receber denúncias de exploração sexual contra crianças e adolescentes, o disque-denúncia recebe também denúncias de outros tipos de violência e até de crianças desaparecidas. As denúncias são encaminhadas aos órgãos competentes em até 24 horas. O serviço funciona das 8h às 22h, inclusive finais de semana e feriados. É só digitar 100 no seu telefone. A chamada é gratuita. Via e-mail: disquedenuncia@sedh.gov.br .
Outros endereços: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br / www.naobataeduque.org.brhttp://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com / http://www.promundo.org.br


Simone Pedersen é escritora associada da regional paulista da AEILIJ

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II

Trovadores.com
 (Nosso grupo foi batizado de Trovadores.com pela escritora Angela Leite)


A palavra do mês é  florada ou floradas


Dois novos trovadores juntaram-se ao grupo: 
Antonio Nunes e Maria Luiza Campos


Engenheiro por formação, professor universitário por vocação e escritor (e leitor desde sempre) por paixão, Coordenador Literário das Fliporto Criança e Nova Geração, braços da Fliporto dedicados aos públicos infantil e juvenil, respectivamente, que a todos manda um cordial abraço da terra do frevo, do maracatu e da literatura da melhor qualidade. Coordenador Regional da AEILIJ em Pernambuco




A  primavera chegou
Trazendo bela florada
Que ele em mãos tomou
Para encantar a amada! 


(Antonio Nunes - Tonton)



A autora, que assina seus livros  como Mariluiza Campos, sempre gostou de escrever, tendo  publicado 21 livros para crianças, poemas e trovas. Participou de numerosas coletâneas de contos e poemas, publicados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Tradutora, tem 4 livros  publicados, um em prosa e três em versoAtualmente é contista do clube Pinheiros, sob a orientação de Carmen Rocha . Mariluiza é  associada da regional paulista da AEILIJ.




Floradas são para mim,
Motivo de muito encanto.
Elas me deixam assim:
Esquecida do meu pranto.

Maria Luiza Campos





Fui com meu amor à serra  
Na ocasião da florada.
Retornando à minha terra,
Trouxe a alma renovada.

Marco Haurélio

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A florada do jasmim
relembra momento doce:
– Você bem junto de mim,
como se meu sempre fosse...

Nilza Azzi
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Já li Floradas na Serra,
vi o filme e a novela.
Nada igual à minha terra:
as flores são passarela!


Angela Leite








Essas doces florescências
Em alegres revoadas.
São, na verdade essências.
Raridades de floradas. 


Marciano Vasques


Floradas do meu pomar,
Maravilhas verdadeiras.
Gostoso é apreciar
As flores da laranjeira. 


Regina Sormani
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III
Destaque de outubro: escritora Alina Perlman


Minha querida e talentosa amiga, a escritora Alina  é associada da regional paulista da AEILIJ e reside em São Paulo. Ela enviou o resumo das duas primeiras páginas do seu livro:
FOI CULPA DO SAPO. OU NÃO? Ilustrado  por Thais Linhares e publicado pela Zit Editora. Parabéns, Alina e muito, muito sucesso!!


Tudo começou assim: um sapo, que morava na lagoa,  um dia resolveu reformar sua casa e dar uma festa de inauguração   toda a bicharada. Depois da festa nunca mais a vida dos bichos foi a mesma, todos queriam ter uma casa tão linda quanto a do sapo. Mas será que o consumismo vai destruir a vida da turma da lagoa? Até os humanos irão sentir as mudanças e querer transformar seus espaços. Este livro aborda a questão do consumismo desenfreado. Mas será que tudo foi culpa do sapo? Ou não?

LIVROS PUBLICADOS

1)  “Papudo”, publicado em março de 1982 pela Editora Klaxon, ilustrado por Marcelo Cipis
   História publicada na “Folhinha de S. Paulo”
   Histórias apresentadas no programa “Disque 200” da Telesp
   Participação no Projeto “Leitura no Parque"
2)“O Mistério das Figurinhas Desaparecidas,” publicado em agosto de 1984  pela Editora Cedibra, ilustrado por Alcy
3)  “Invasão de Pensamento”, publicado em 1985 pela Editora do Brasil, ilustrado por Alice Góes
4) “João, Maria e a casa de chocolates”, publicado em junho 1986 pela Editora do Brasil, ilustrado por Lila Figueiredo
   Participação no Projeto Escritor 86, 87 e 88
   Participação em júris de concursos de literatura infantil
5)  “E o redemoinho levou...”, publicado em agosto de 1988 pela Editora do Brasil, ilustrado por Maria Tereza Lemos Fontão
6)  “Josés, Marias e Manias”, publicado em agosto de 1988 pela Editora Scipione, ilustrado por Cláudia Scatamacchia
 7)  “Procura-se”, publicado em janeiro de 1989 pela Editora Scipione, ilustrado por Helena Alexandrino
 8)  “A revolta dos zíperes” e “Um plano quase perfeito”, publicado em janeiro de 1989 pela Editora Vozes, ilustrado por Liana D´Urso
 9)  “Ao pé da letra”, publicado em agosto de 1990 pela Editora Scipione, ilustrado por Leninha Lacerda. Este livro foi considerado “altamente recomendável” pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil)
   História publicada na revista “Urtigão” da Editora Abril  Jovem em 1991
10)  “Godofredo, o guarda-chuva”, publicado em outubro de 1992 pela Editora Formato, ilustrado por Nelson Cruz
11)  “Tagarela”, publicado em março de 1993 pela Editora Formato, ilustrado por Ana Raquel
12)  “Uma conquista muito especial”, publicado em maio de 1995 pela Editora Scipione, ilustrado por Cecília Iwashita
13)  “O jeitão da turma”, publicado em agosto de 1995  pela Editora Santuário, ilustrado por Roger Mello – esgotado
14)  “As bolinhas pretas do vestido de Margô”, publicado em dezembro de 1995 pela Editora Santuário, ilustrado por Claudia Ramos
15)  “Que idéia, professora!”, publicado em outubro de 1998 pela Editora Lê/Compor, ilustrado por Edna de Castro
16) “Bolha de sabão”, publicado em outubro de 1998 pela Editora Lê/Compor, ilustrado por Letícia Gelli
17)  “Aconteceu em Talvez”, publicado em dezembro de 1998 pela DCL, ilustrado por Dawidson França
18)  “Spanimal”, publicado em dezembro de 1998 pela DCL, ilustrado por Marco Vogt
19)  “No Reino do velho Rei”, publicado em março de 2000 pela Editora Esfera, ilustrado por Paulo Manzi
  Criação do projeto “Empinando idéias” que tem como objetivo levar às crianças carentes o prazer de ler e escrever
20)  “Olhando para dentro”, publicado em setembro de 2001 pela Editora Saraiva, ilustrado por Daisy Startari. Este livro foi indicado para o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD - SP – 2003
   História contada no programa “A casa do Avô”  na Rádio Televisão Portuguesa – “Tagarela”
21)  “Sinto cheiro de pão quente”, publicado em abril de 2002 pela Editora DCL, ilustrado por Ana Raquel – consta do catálogo da Feira de Bologna de 2003
22)   “Criança Feliz – Contos e Cantos”, conto “Bichinho de estimação”, publicado em dezembro de 2002 pela Editora Criança Feliz, coordenado pela Profa. Nelly Novaes Coelho
23)  “O jeitão da turma”, reeditado pela Editora Saraiva em junho de 2003, ilustrado por Alcy – PNLD
24)  “Diário de Portugal”, publicado pela Editora DCL em novembro de 2003, ilustrado por Maurício Veneza
     Participação no Projeto Felicidade (que trabalha com crianças com câncer) com histórias infantis mensais publicadas num boletim
25)  “Falando em tia Vanda”, publicado pela Editora Saraiva em outubro de 2004, ilustrado por Eliza Freire
26)  “Antologia de Contos Brasileiros – quem conta um conto...”, conto “A foto”  publicado pela Editora Harbra em maio de 2005, ilustrado por Kanton – coordenação da Profa. Nelly Novaes Coelho
27)  “Por que... não tenho tudo que quero”, publicado pela Editora DCL em março de 2005, ilustrado por Freddy Galán
28)  “Diferentes somos todos”, publicado pela Edições SM em maio de 2005, ilustrado por Cecília Esteves – PNLDSP
29)   “A voz da floresta”, ilustrado por Biry Sarkis, publicado pela Editora DCL em março de 2006
30) “Quando crescer, quero ser...”, da coleção Patati-patatá, ilustrado por Denise Nascimento, publicado pela Companhia Editora Nacional em junho de 2007
31)  “Rainha Margarete”, da coleção Patati-patatá, ilustrado por Ellen Pestili, publicado pela Companhia Editora Nacional em junho de 2007
32) “O barquinho”, da coleção patati-patatá, ilustrado por Rogério Coelho, publicado pela Companhia Editora Nacional em junho de 2007
33)  “Uma é fada, a outra é bruxa”, da coleção patati-patatá, ilustrado por Rosinha Campos, publicado pela Companhia Editora Nacional em junho de 2007
   Conto publicado na Folhinha de São Paulo em 14 de julho de 2007 – “Nicanor e Petúnia”
34) “A história do Pedro Polvo”, da coleção patati-patatá, ilustrado por Elma, publicado pela Companhia Editora Nacional em outubro de 2007
35) “Uma portinhola debaixo da cama”, da coleção Passe livre, ilustrado por Lie Kobayashi, publicado pela Companhia Editora Nacional em outubro de 2007
36) “ Informágica”, da coleção Passe livre, ilustrado por Patrícia Lima, publicado pela Companhia Editora Nacional em novembro de 2007
38) “ Mundo cão”, da coleção Passe livre, ilustrado por Mariângela Haddad, publicado pela Companhia Editora Nacional em novembro de 2007
39) “ Onde foi parar meu guarda-chuva?”, da coleção Passe livre, ilustrado por Fabiana Salomão, publicado pela Companhia Editora Nacional em janeiro de 2008
40) “ Foi culpa do Sapo. Ou não?”, ilustrado por Thais Linhares, publicado pela Editora Zit em agosto de 2010
41) “Trem de histórias”, antologia, conto “Resgate”, ilustrado por Marcelo Queiroz, publicado pela Editora Caki Books em 2011

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IV

História



O SAPO QUE ACUMULAVA TESOUROS


Rospo encontra a amiga Sapabela.




— Rospo, você não tem nada na vida. Fica o tempo todo à beira da lagoa. Precisa ter um patrimônio.


— Eu tenho...

— Ora, Rospo. O que você tem?

—Tenho amigos...

—Amigos?

—Sim, além da natureza...

—Natureza?

—Sim, fico aqui à beira da lagoa e sou feliz. Gosto de olhar para as borboletas, as flores, a mata, o azul do céu...

—Mas isso não é dinheiro, Rospo! Você precisa de moedas. Com moedas você compra tudo...Tudo é mercado, a vida funciona assim...

— Compro o azul? Compro o verde? Compro a paz? Compro a poesia?

—Você pode comprar uma revista de poesia.

—MAS NÃO POSSO COMPRAR A POESIA!

—Você pode comprar um avião e voar, pode comprar uma floresta...

—Mas não posso comprar os tesouros que acumulo dentro de mim.

— Dentro de você?

—Sim, dentro da minha consciência. O único lugar onde o mercado não funciona...


AUTOR: Marciano Vasques

ARTE: Daniela Vasques






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V

COISAS DE SAMPA - Rino Parade

Vocês se lembram da Cow Parade? Há algum tempo atrás, Sampa foi invadida por vaquinhas coloridas. Semanas atrás, flagramos estes inofensivos rinocerontes enfeitando as  esquinas do bairro de Pinheiros. O que acham os leitores?



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VI


Memórias do magistério
Por Nilza Sormani

      Há  quanto  tempo... lembranças de uma normalista recém - formada, o ano era 1958, quando minha irmã mais velha, Thelma, aconselhou-me a começar a  substituir professoras no Grupo Escolar Coronel Leite, em Agudos. Eu deveria, todos os dias, assinar o ponto e aguardar. Se faltasse alguma professora, o diretor chamaria uma  substituta, por escala, para dar aulas, no lugar da professora  ausente. Para nós, substitutas, era algo digno de coragem e muito empenho em seguir a carreira, porque as mestras eram adoradas  e a sua ausência, sempre muito sentida pelos alunos. A nós, cabia, por um dia, tentar ensinar, agradar e mostrar eficiência até o final do período,  ao soar do  sino, badalado pelas mãos de um servente. Com o passar do tempo as boas substitutas iam sendo aceitas, tanto pelos alunos, como pelas professoras efetivas. E, quando precisavam tirar licenças-saúde, recomendavam nosso nome, porque confiavam no nosso trabalho. Com muito carinho me lembro das professoras, com as quais aprendi muito. Elas me ensinaram a amar dar aulas para as primeiras séries escolares: Eulina de Abreu, Anita Guarido, Lina de Quadros, Lucy Sormani, Maria Leticia Cogo, Olga Hoffmam, Georgina Araújo e Diomira Paschoal. Logo comecei a acumular pontos e aceitar substituir em sítios e fazendas próximos, cujo acesso, necessitava de jardineira (ônibus), cavalo e charrete. Isso não era do gosto dos meus pais, que se preocupavam com a mocinha de 19 anos, saindo de casa para lecionar, mesmo assim, sempre me apoiaram.  Numa dessas fazendas, comecei a ficar a semana toda, só retornando à cidade, aos sábados à tardinha, pois dava aulas de manhã também.

   À noite, surgiram alunos adultos que queriam ser alfabetizados. Então, pedi autorização para o diretor senhor Fausto De Marco para formar uma classe. Detalhe importante: não havia luz elétrica e então, meu pai, Hércules Sormani, deu-me 20 lampiões a querosene e eu montei o meu curso noturno que durou 2 anos, na Escola Municipal do Bairro do Polidoro. Foi uma linda experiência onde alunos, alguns com 70 anos, frequentaram as aulas e aprenderam a ler, escrever seus nomes e fazer contas simples, o que me deu grande satisfação.
As noites eram preenchidas pelas aulas e pelos terços, que de vez em quando, aconteciam pelos sítios próximos e, então, nos arriscávamos a ir caminhando pelos trilhos iluminados pela lua e pelos lampiões. Que saudade!
    Com o tempo, mudei algumas vezes de escola, mas, as que mais marcaram foram as seguintes: Fazenda São Benedito, bairro Campo Alegre, bairro do Polidoro e em Bauru, a renomada escola Guedes de Azevedo. Também em Bauru, arrisquei prestar concurso para uma escola de educação infantil, passei , começando a lecionar no bairro da Bela Vista para crianças de três a seis anos. Outro concurso apareceu e fui aprovada como professora do ensino preparatório ao ginásio onde ensinei português e matemática. Ali permaneci até esse curso ser abolido. Até hoje me encontro com senhores que me cumprimentam, lembrando do preparatório. Consegui minha "cadeira efetiva” como professora na Escola Estadual do Retiro dos Patos, em Macatuba, cujos donos, senhor Mario Nunes e Luiza Bozzo, trago no coração com ternura. Lá, lecionei na mesma sala, para alunos que cursavam da 1ª à 3ª séries.  A 4ª tinha que ser cursada no grupo escolar mais próximo. Desta escola, me removi para Guaianás, onde lecionei até substituir o diretor, Sr. Antonio Simões. Lembro-me muito das festas juninas, organizadas com primor, com danças típicas e teatro. De Guaianás voltei para Bauru, onde lecionei na  Escola Airton Bush,  sob orientação da diretora Elza Zanoni, adquirindo muita experiência e observando exemplos de dedicação e dinamismo.
    Alegria, tristezas, desilusão, ansiedade, são alguns sentimentos pelos quais passamos.
Como professora, trago, no entanto, belas recordações de como era querida, respeitada. As crianças nos amavam. Sempre acreditei que se educa com amor e pelo amor, e assim me dedicava aos meus alunos.
   Nunca deixarei de prezar e enaltecer as professoras, mestras que tive na Escola Normal Livre de Agudos. Cito, com orgulho, a Dr.ª Maria da Gloria De Rosa, que utilizava livros de sua autoria, excelente profissional de grande capacidade intelectual. Ela nos mostrou o caminho para ser um verdadeiro professor. Quero também, lembrar com orgulho dos meus pais, exemplo de dignidade e retidão, indicando-nos o caminho do trabalho; de meus irmãos que também se dedicaram à nobre arte de ensinar: Thelma, Alceu, Célio, Maria Alba e Regina, dignos  mestres, compromissados com a educação. 
Se me perguntarem:  - valeu a pena? - responderei que sim, mas, pela força do ideal e da vocação.

Nilza Sormani é minha irmã querida. Sua filha, Marisa Sormani,  também é professora,  doutora em Linguística. Elas moram na pequena e acolhedora Piratininga, no interior do estado.

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VII 

Vitrine Virtual- Retrô

Página do famoso Almanaque "Eu Sei Tudo" nº12 , Maio de 1934, com propaganda da Companhia Editora Nacional, que pertenceu a Monteiro Lobato. 


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Vale a pena assistir!

O teatro do Sesi, na Avenida Paulista está  apresentando a comédia O Casamento suspeitoso, de Ariano Suassuna, às 20:30 hs (ao lado do Metrô Trianon).


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VIII

Pecezinho 
O pequeno corrupto
arte: Gilberto Marchi
argumentos: Regina Sormani

Queridos leitores, uma dúvida paira no ar:  - Será que nossa cidade ficou mesmo mais bonita com a retirada dos out-doors?  Há controvérsias...
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IX


Arte
Curupira


Este quadro foi pintado pelo artista paulistano Gilberto Marchi em 2009. O trabalho, realizado com acrílico  sobre tela nas medidas 100cm x 70cm, faz parte da coleção do Sr. Luiz Carlos Moraes.