quarta-feira, 18 de maio de 2011

Primavera em maio - 1ª edição - nº 1













Lancei, em 2009 na lista de discussões da regional SP da AEILIJ(associação dos escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil)a ideia de escrever contos coletivos intitulados PRIMAVERA EM SAMPA. A participação foi tímida, creio por causa da novidade da proposta. Em 2010, repetimos a dose, e o projeto floresceu, dessa vez, com mais adesões. Os contos serão lançados aqui, neste espaço, em trechos ou capítulos, identificados com os nomes dos respectivos autores. Para o ano de 2011, trabalharemos com versos e trovas.
E qual o motivo do título desta postagem ser Primavera em Maio?
Andando pela cidade de São Paulo durante o mês de maio, é fácil notar o porquê, por isso, agora, vamos falar de flores. Pode-se observar nas inúmeras floriculturas da cidade, a bela e delicada flor de maio que, na verdade começa a exibir seus botões em fins de abril. Continuando nosso passeio, notaremos as azaleias nos jardins dos prédios, as rosas silvestres nas cercas e alambrados, os elegantes antúrios enfeitando os vasos de barro e canteiros dos quintais paulistanos. Sim, as flores também fazem sua primavera em maio.
A seguir, quero apresentar aos leitores trechos dos nossos contos coletivos, ano de 2009 escritos por três autoras da regional SP da AEILIJ: Eliana Martins, Nireuda Longobardi e Regina Sormani. Comentários do escritor Edson Gabriel Garcia.
Boa leitura a todos!

Regina Sormani


I

PRIMAVERA EM SAMPA 2009 - contos coletivos -

Ipês, azaléias, patas - de- vaca, marias - sem- vergonha, damas da noite, camélias, manacás e tantas mais...
Flores que desabrocham por todos os lados, anunciando que a primavera chegou, tomando conta dos jardins, parques e quintais da nossa querida Sampa. (Regina Sormani)
Contrariando seu apelido de Selva de Pedra, em um canto escondido do Brás, zona pobre e fabril, onde as fábricas se distribuem, enfileiradas, uma pequena planta brotara timidamente. Dentre as tantas outras que haviam chegado com a primavera, ela passara despercebida, não fosse o lugar e a forma como nascera: da rachadura da parede de uma casa abandonada. Certamente, se a planta tivesse brotado do lado externo da casa, poderia absorver a água da chuva e do orvalho. Mas, não! Ela nasceu para o lado de dentro. E vinha verdinha e forte.
Escurecia quando Claudenir chegou à casa. Deixou sua caixa de engraxate ali, na porta e foi conversar com Verdinha:
— Demorei, né, minha linda? Mas, já voltei! Olha aqui a sua aguinha....
Então, pegou uma velha caixa de manteiga cheia dágua e borrifou na planta:
— Eta gostosura! (Eliana Martins)
Claudenir bebeu a água que restou. Seu estômago roncava. Vasculhou os bolsos e encontrou um único biscoito. Enquanto comia, viu um ratinho no buraco da parede. Teve dó do pequeno que o observava. Tirou um pedaço do biscoito e depositou na saída do buraco. Ficou olhando o rato comer até que ele desapareceu na fenda.
Claudenir forrou o chão com um papelão que estava dobrado num canto da parede. Deitou, cobrindo-se com uma velha manta. Uma rajada de vento trouxe algumas flores que entraram pela janela quebrada, espalhando-se sobre o garoto. Flores de um majestoso ipê amarelo que ocupava quase todo o espaço do pequeno jardim da casa abandonada.
Com um sorriso nos lábios, Claudenir deu boa noite à sua amiga Verdinha e ficou a pensar....
Deitado, observando a luz acesa dos apartamentos dos prédios vizinhos e imaginou (Nireuda Longobardi) que estava em outro lugar. Em casa, onde era o seu lugar, deitado na cama simples, porém bem arrumada, com lençóis limpos. Podia até sentir o cheiro do chá de camomila que a mãe fazia antes de dormir e do qual ele tanto gostava. O sono chegou, e nele, Claudenir embarcou, ainda sorrindo. (Regina Sormani) (Reg.BN)

(Continua no próximo nº)



Comentários sobre Primavera em Sampa 2009

Pois bem...
Sampa, a São Paulo de tanta gente, de muitos apelidos, a selva de pedra de todos nós, abriga escritores talentosos que imaginam espaços para as flores da primavera, brotando de sua imaginação combinada, misturada, surpresa.
Por sabermos que é uma criação coletiva, assinada, uma certa curiosidade perfumada toma conta do leitor em busca da sintonia e do arranjo dos contos. Onde começa um e acaba o outro? Essa é a parte da brincadeira que leva o leitor a pensar duas jogadas: acompanhar os sobressaltos da história e ficar imaginando o que pensou cada autor quando continuou a história do outro.
Assim, entre ideias e flores, a primavera em Sampa chega, perfuma e vai embora, enquanto a leitura floresce como "um manto feito pela poesia de Rimbaud".
Em frente, leitores!
Edson Gabriel Garcia
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II

Imagens do 1º de maio no Parque do Ibirapuera

Domingo, 1º de maio, um dia a ser comemorado e nada melhor do que curtir o sol, a natureza, descontrair, aproveitar a linda manhã no Parque do Ibirapuera, espaço de lazer do paulistano, coração pulsante e aberto a todos que dele quiserem usufruir.


Cisnes negros

Gansos

Nesta tenda são feitos os cadastros para receber por email a programação dos eventos no Parque Ibirapuera.

Museu Afro, com grande coleção étnica.

Sinfônica de Bamberg


Os usuários do parque, os visitantes e turistas vieram, em grande número, prestigiar e se deliciar com a apresentação da Sinfônica de Bamberg, ao ar livre, na parte posterior do Auditório do Ibirapuera. Sentaram-se no gramado, em total descontração, e ouviram entre outras obras: Tristão e Isolda, de Wagner, Pompa e Circunstância de Edward Elgar e temas de filmes como Guerra nas Estrelas.






Primaveras no Parque



Correndo. Ao fundo, Planetário


Correndo em volta do lago.




Ciclistas
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III

Série - Manias do paulistano

Pastel de feira.

A mais movimentada de todas as barracas da feira, é, sem dúvida alguma, a que vende pastéis
A freguesia é fiel. Perto da hora do almoço, donas de casa, executivos, colegiais, funcionários de estabelecimento comerciais da vizinhança, se reúnem, ali, sob a aba do toldo da barraca de pastéis, pacientemente, aguardando para saborear a delícia crocante. Para acompanhar, que tal um caldo de cana geladinho?

(Continua no próximo nº)
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IV

ARTE


Esta arte foi encomendada pelo escritor Francisco Marins. Trata-se de uma obra realizada pelo pintor e ilustrador paulistano Gilberto Marchi em óleo sobre tela, nas medidas 100cm x 70cm. Na tela, pode-se observar o escritor rodeado de personagens dos seus livros, como: O bugre do chapéu de anta, o casal que faz parte da capa Clarão na serra ( feita pelo próprio Marchi em 1977.) e o Curupira, figura introduzida por Marins na literatura.
O escritor Francisco Marins conhecido como o" escritor da juventude" que tem sua obra editada em várias línguas,, foi o autor homenageado no ano de 2010 pela regional paulista da AEILIJ.

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V

SÉRIE - PROFISSÃO EM ALTA

Passeadores de cães



Gisela é moradora do bairro do Paraíso em São Paulo. Há vários anos passeia com a "cachorrada amiga" como ela mesma diz, referindo-se carinhosamente à distinta clientela.
Se você tem um animal de estimação, mora em apartamento e, não consegue, por falta de tempo, levá-lo a passear, pode recorrer aos passeadores de cães.
Alguns passeadores se organizaram em grupos uniformizados e percorrem durante o dia todo, as ruas dos bairros,do Paraíso, Vila Mariana e Ibirapuera, literalmente carregados pelos clientes caninos.

(Continua no próximo nº)

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VI

QUADRINHOS E CHARGES

Pecezinho, o pequeno corrupto, criação da dupla Sormani & Marchi, apareceu pela primeira vez no jornal da cidade de Brotas"O Progresso". Abaixo, os quadrinhos que deram início à série.

Esta outra série, foi criada para apoiar campanhas educativas de posse responsável de animais domésticos e conservação das calçadas e ruas da cidade.

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VII

SEÇÃO RETRÔ

Que tempo bom!


Nesta seção, serão postadas referências sobre moda, cinema, arte, livros, música, tv, etc. Hoje, a seção retrô apresenta fotos antigas, de autoras que participaram dos contos coletivos Primavera em Sampa 2009: Eliana Martins e Regina Sormani



Eliana Martins, à esquerda, aos 6 anos, em seu primeiro dia de aula no colégio João e Raphaela Passalacqua, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
Regina Sormani, à direita, aos 7 anos, em foto tirada com os colegas de sala, no antigo Grupo Escolar Coronel Leite, na cidade de Agudos, SP


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VIII

ALMA DE ALMANAQUE



Sampa em pleno outono vê surgir no seu espaço virtual a sua nova revista digital. A blogosfera ficou mais rica, mais estética e mais primaveril.

A audaciosa é Regina Sormani. Esse povo que produz. Foi tecendo, articulando em seu coração, e na valsa do tempo cá aparece a primeira edição.

Primavera em Maio. Pode ser? Ora! Veja a flor logo na apresentação. Regina é teimosa, e lançou em 2009 um de seus projetos: Contos coletivos em Sampa. E agora abriga em sua revista as escritas que ela viu nascer e florescer. E promete mais. Versos e trovas.

Saudar uma nova revista é sempre uma festa no coração de qualquer apaixonado pelas letras. E agora, além da revista de papel, temos a digital, que está no espaço infinito da biblioteca do sonho borgeano. A bela flor de maio está no ar.

O quarteto que abre o conto coletivo é lindo. Nireuda Longobardi, que conheci num palácio dos eucaliptos, Eliana Martins, Edson Gabriel, cuja textura profissional é de uma fineza que admiro, e cujos livros para jovens conquistam a rapaziada que lê, e Regina Sormani, a idealizadora desse fazer, parceira de sonhos, quereres e iniciativas.

Não é uma revista exclusivamente literária. É um almanaque, o filho do folhetim. Almanaques ajudaram a escrever a história do pensamento e dos hábitos do Brasil... Seus costumes, sua gente e suas letras. Tatiana Belinky conheceu Monteiro Lobato no almanaque Biotônico Fontoura. Meus olhos de menino brilhavam mais que pirilampos diante dos antigos almanaques da Ebal, nos tempos em que eu nem entendia o que era essa palavra com alma no começo.

E agora este blog que é uma revista que é um almanaque que reverencia o parque símbolo de São Paulo, que é pura primavera. E tem arte, com Francisco Marins, e mais novidades, e fica aquele velho estilo em nossos corações: Quero mais! Aguarde a próxima edição!

ALMANAQUE PRIMAVERA EM SAMPA. Seja bem- vindo! Lindeza. Um presente para os nossos olhos.

MARCIANO VASQUES